Disciplina: Prática Mediáticas na Educação
Turma: A (1°/2012)
CYSNEIROS, Paulo Gileno. Novas tecnologias na sala de aula: melhoria do ensino ou inovação
conservadora? Revista Informática Educativa, UNIANDES – LIDIE, vol. 12, n.
1, 1999, p. 11-24. Disponível em: http://www.escolaheitor.net/planejamento/cecilia/ARTIGO%20DO%20CURSO/8543090-Novas-Tecnologias-Na-Sala-de-Aula-Melhoria-Do-Ensino-Ou-InovaCAo-Conservadora.pdf.
1) Resumo:
O
texto, dividido em quatro tópicos (história da tecnologia educacional; inovação
conservadora; internet, informação e educação; uma concepção fenomenológica da
tecnologia educacional), visa analisar o uso das novas tecnologias da
informação, caracterizado como inovação conservadora em educação, além de
aspectos da comunicação na sala de aula que podem ser modificados, ampliados ou
reduzidos com os recursos da informática.
Tendo
como base principal a realidade cotidiana de grande parte das escolas públicas
brasileiras, o autor procura expor suas ideias resultantes da própria vivência
em diversas instituições educacionais. Com isso, ele levanta questionamentos sobre
a qualidade do ensino, os novos desafios e as novas abordagens da comunicação
mediada pelas tecnologias da informação.
2) Citações do texto:
“Ao
tratarmos de novas abordagens de comunicação na escola, mediadas pelas novas
tecnologias da informação, estamos tratando de Tecnologia Educacional. Esta
observação é pertinente porque certos autores consideram este tema como algo
inteiramente novo. Tudo tem uma história, explícita ou não, cabendo ao
conhecedor crítico tentar desvendá-la, interpretá-la e usá-la para não repetir
erros”. (p. 12)
“Nossa
utopia é sempre tentar mudar a história futura para melhor, e não defendo
posições tradicionalistas ou contrárias à tecnologia na educação. Vejo as novas
tecnologias como mais um dos elementos que podem contribuir para melhoria de
algumas atividades nas nossas salas de aula. Por outro lado, também não adoto o
discurso dos defensores da nova tecnologia educacional, que mostram as mazelas
da escolas (algo muito fácil de se fazer), deixando implícito que nossos
professores são dinossauros avessos a mudanças. É um discurso tentando nos
convencer a dar mais importância a objetos virtuais, apresentados em telinhas
bidimensionais, deixando implícito que a aprendizagem com objetos concretos em
tempos e espaços reais está obsoleta”. (p.14)
“No
início dos anos oitenta iniciaram-se as primeiras políticas públicas em
informática na educação, no contexto mais amplo da reserva de mercado para
informática. (...) Na época, a contradição entre tecnologia de ponta e escolas
precárias era mais evidente, uma vez que os computadores eram máquinas mais
caras e não estavam tão disseminados na sociedade como hoje. Aprendemos que a
expectativa de administradores, professores, alunos e pais era que se ensinasse
informática na escola, não no sentido de uso pedagógico de computadores, nos
levando a explorar a introdução da informática na escola como uma mistura de
Informática Na educação e de preparação para o trabalho, tentando usos
pedagógicos das ferramentas de software utilizadas fora da escola”. (p.14/15)
“O
fato de se treinar professores em cursos intensivos e de se colocar equipamentos
nas escolas não significa que as novas tecnologias serão usadas para melhoria
da qualidade do ensino”. (p.15)
“A
história da tecnologia educacional contém muitos exemplos de inovação
conservadora, de ênfase no meio e não no conteúdo. Devido ao efeito dramático,
sedutor, da mídia, em certos casos a atenção era concentrada na aparência da
aula, tomando-se como algo “dado” o conteúdo veiculado, seja na sala de aula
por transparências ou filmes, ou pela difusão ampla de conteúdos, através da
TV, do rádio ou mesmo de livros textos cheios de figuras, cores, desenhos,
fotos”. (p.16)
“Vários
autores reconhecem que os usos educativos das tecnologias da informação na
última década - instrução assistida por computador (CAI), informações em rede,
aprendizado à distância - foram embasados em métodos pedagógicos tradicionais:
fluxo unidirecional de informações, tipicamente um professor falando ou
comentando imagens para alunas e alunos passivos”. (p.17)
“A
presença da tecnologia na escola, mesmo com bons software, não estimula os
professores a repensarem seus modos de ensinar nem os alunos a adotarem novos
modos de aprender. Como ocorre em outras áreas da atividade humana, professores
e alunos precisam aprender a tirar vantagens de tais artefatos”. (p.18)
“Outro
aspecto que pode confundir o educador é o discurso da necessidade da informação
(colocado por Seymour Papert, e por alguns conferencistas de congressos de
informática), que nos causa de inicio certa angústia ao concluirmos que a
escola não tem acesso imediato à enorme quantidade de informação que é
produzida diariamente no mundo”. (p.18)
“Para
a formação básica de uma criança e para resolução dos problemas que alguém
encontra no dia a dia, as informações mais relevantes são aquelas amadurecidas
pelas gerações passadas, pelo tempo, ou aquelas encontradas na própria
comunidade, acessíveis através de meios mais simples como jornais e pelo
contato humano no próprio grupo social, não aquilo que está ocorrendo em Nova
Iorque ou em Tóquio e colocado na Internet”. (p.19)
“Embora
a Internet seja um recurso com muito potencial para determinadas atividades
educativas, ela também pode ser mais um fator de colonialismo cultural, pois
estamos recebendo a informação daqueles que tem condições de colocá-la nos
computadores, reduzindo nossa presença e ampliando o alcance do poder de suas
idéias, com todos os fatores associados do formato hiupertexto, da velocidade,
de multi-representações”. (p.20)
“(...)
é muito importante que coloquemos tais máquinas nas mãos de nossas crianças e
adolescentes, porém sempre predominando o ato de educar, de examinar
criticamente - numa atitude freiriana -, aquilo que está lá”. (p.20)
“Embora
devamos perseguir o ideal de uma aprendizagem estimulante e auto motivadora -
em salas de aulas ricas em recursos e com respeito à individualidade e
espontaneidade do aprendiz - sabemos que além do prazer da descoberta e da
criação, é necessário disciplina, persistência, suor, tolerância à frustração,
aspectos do cotidiano do aprender e do educar que não serão eliminados por
computadores”. (p.20)
“Nossa
experiência da realidade é transformada quando usamos instrumentos {Ser Humano
> (máquina) > Mundo}. Através do instrumento há uma seleção de determinados
aspectos da realidade, com ampliações e reduções. A amplificação é o aspecto
mais saliente e pode nos deixar impressionados, maravilhados, ao
experimentarmos coisas (ou aspectos de objetos conhecidos) que não conhecíamos
antes, com nossos sentidos nus. A redução, ao contrário, é recessiva e pode
passar despercebida, uma vez que não ocupa necessariamente nossa consciência,
impressionada com o novo”. (p.21)
“Uma
das conclusões de uma primeira análise fenomenológica superficial é que a
tecnologia não é neutra, no sentido de que seu uso proporciona novos
conhecimentos do objeto, transformando, pela mediação, a experiência
intelectual e afetiva do ser humano, individualmente ou em coletividade;
possibilitando interferir, manipular, agir mental e ou fisicamente, sob novas
formas, pelo acesso a aspectos até então desconhecidos do objeto”. (p.21)
“Dependendo
do objeto, do sujeito (mais ou menos crítico), de sua história e da situação
especifica, pode-se considerar as novas características ampliadas do objeto
como mais reais do que aquelas conhecidas sem a ajuda de instrumentos. Pode-se,
assim, confundir as duas dimensões de continuidade (em essência o mesmo objeto)
e diferença (conhecido parcialmente de outro modo) entre a percepção ordinária
e aquela mediada. Neste sentido, as realidades possibilitadas pelas novas
tecnologias da informação podem ser alienantes, como nos relatos dos viciados
em computadores”. (p.21)
“Outro
aspecto que tende a passar despercebido é o caráter inicial dramático da
realidade mediada pela nova tecnologia. Nos primeiros anos do cinema, por
exemplo, as platéias em salas escuras tinham medo de cenas de trens que se
aproximavam do espectador (confusão entre percepção ordinária e mediada). Ainda
hoje, depois de quase meio século, a TV ainda goza do charme dramático da
novidade, ao realçar formas e alterar perspectivas de rostos e de outros
detalhes corporais; ao criar efeitos e modificar tempos e espaços de objetos
apreendidos por lentes e manipulados depois em laboratório, mostrando-os
repetidamente, descobrindo ou inventando novas realidades”. (p.22)
“Além
de ampliar os sentidos, condicionando a experiência da realidade, as
tecnologias da informática, amplificam aspectos da capacidade de ação
intelectual”. (p.22)
“Esse
tipo de construção de novas formas de ensinar e de aprender, de conhecimentos
novos, exigirá do professor uma atitude permanente de tolerância à frustração e
de pesquisa não formal, de busca, de descoberta e criação, no sentido tratado
por Demo. Descoberta de usos pedagógicos da tecnologia já experimentados por
outros, que exige comunicação, troca, estudo, exploração. Criação no sentido de
adaptação, de extensão, de invenção. Em ambos os casos, fracassos e sucessos
são faces da mesma moeda, com demonstra a história da produção humana de conhecimento
e especificamente as histórias de sucesso em Informática na educação”. (p.23)
3) Comentários:
De
acordo com o exposto no texto, ressalto a necessidade de se atentar às mudanças
decorrentes do uso das tecnologias na educação, a fim de aproveitá-las para a
melhoria da qualidade de ensino, e não como mais instrumentos que qualificam
determinada instituição apenas por as possuírem, visando à quantidade.
Outro
fator destaque é a atenção aos pensamentos dos educadores que, muitas vezes,
sentem-se coagidos com o excesso de informações disponibilizadas por meio das
novas tecnologias. É preciso que eles se adaptem às transformações, no entanto,
é um desafio fazê-los modificar toda a metodologia empregada em sua rotina
escolar.
É
possível notar, entretanto, que o processo de atualização dos professores não é
suficiente para que a inclusão das tecnologias na educação seja sinônimo de
qualidade no ensino. Muitas vezes, os equipamentos são utilizados para realizar
tarefas que outras ferramentas já realizavam. A leitura e escrita, por exemplo,
estão sendo, cada vez mais, adaptadas ao mundo eletrônico. No entanto, isso não
significa que os livros, papeis e lápis perderam suas funções. Apenas mudaram
as aparências, devido, dentre outros fatores, à praticidade e rapidez para a
execução e o compartilhamento das atividades.
Acredito
que, para a eficaz utilização das tecnologias na educação, é preciso,
primeiramente, a consciência dos educadores quanto à necessidade de se pensar criticamente,
sem se deslumbrar com o excesso de notícias transmitidas. Assim, ao selecionar quais
informações são realmente relevantes para a realidade da comunidade escolar, o
uso das tecnologias se aproxima da meta de melhoria da qualidade de ensino.
4) Questionamentos:
Com
base nos conceitos discutidos no texto, questiono: com os avanços tecnológicos,
além da constante atualização quanto às novidade que surgem, cada vez mais, no
contexto escolar, o que os educadores podem fazer para que não se sintam inúteis,
desvalorizados no processo de ensino e aprendizagem? De que forma seria
possível afirmar que o uso das tecnologias é sinônimo de qualidade educacional e
não apenas ferramentas inovadoras que surgem para substituir os tradicionais instrumentos
de ensino?
Nenhum comentário:
Postar um comentário