Fichamento 1

Faculdade de Educação / Universidade de Brasília

Disciplina: Prática Mediáticas na Educação

Turma: A (1°/2012)


VALENTE, José Armando; ALMEIDA, Fernando José de Almeida. Visão analítica da informática na educação no Brasil: a questão da formação do professor. Revista Brasileira de Informática na Educação, n.1, setembro de 1997. Disponível em: http://www.geogebra.im-uff.mat.br/biblioteca/valente.html. 
1)  Resumo:
Com o objetivo de mostrar a evolução da Informática na Educação no Brasil desde o seu surgimento, no início dos anos 70, e as características provenientes dessa inclusão, o artigo é dividido em quatro temas principais: a influência de outros países no desenvolvimento da informática na educação brasileira (Estados Unidos e França); as bases para a informática na educação no Brasil; formação de professores em informática na educação; evolução do computador no Brasil e as implicações na formação de professores.
Os autores trazem as características principais do Programa Brasileiro de Informática em Educação e, tendo em vista a grande influência de outros países, destacam os pontos em que o programa brasileiro se distancia ou se aproxima daqueles implantados nos Estados Unidos e na França. 
2) Citações do texto:
“A Informática na Educação no Brasil nasce a partir do interesse de educadores de algumas universidades brasileiras motivados pelo que já vinha acontecendo em outros países, como nos Estados Unidos da América e na França” (p.2).
“Nos Estados Unidos, o uso de computadores na educação é completamente descentralizado e independente das decisões governamentais. O uso do computador nas escolas é pressionado pelo desenvolvimento tecnológico e pela competição estabelecida pelo livre mercado das empresas que produzem software, das universidades e das escolas. As mudanças de ordem tecnológica são fantásticas e palpáveis, mas não têm correspondência com as mudanças pedagógicas” (p.2).
“A presença dos microcomputadores permitiu também a divulgação de novas modalidades de uso do computador na educação como ferramenta no auxílio de resolução de problemas, na produção de textos, manipulação de banco de dados e controle de processos em tempo real. De acordo com essa abordagem, o computador passou a assumir um papel fundamental de complementação, de aperfeiçoamento e de possível mudança na qualidade da educação, possibilitando a criação de ambientes de aprendizagem” (p.3).
“A mudança pedagógica, ainda que muito lenta, foi motivada pelo avanço tecnológico e não por iniciativa do setor educacional” (p.4).
“Alguma mudança pedagógica tem sido propiciada pelo uso da rede Internet através da qual os alunos têm tido a chance de acessar e explorar diferentes bases de dados. (...) Alguns críticos dessa abordagem argumentam que a exploração da rede, em alguns casos, deixa os alunos sem referência, com sensação de estarem perdidos ao invés de serem auxiliados no processo de organizar e digerir a informação disponível” (p.4).
“Além da Internet, outra fonte de mudança pedagógica tem sido os centros de pesquisa em educação que passam por profundas transformações. A preocupação atual não é mais a produção de software cada vez mais inteligente e robusto para ‘automatizar a instrução’, mas a produção de software que facilita o desenvolvimento de atividades colaborativas e auxiliares no desenvolvimento de projetos baseados na exploração” (p.4).
“A preparação dos profissionais da educação ainda é feita com o objetivo de capacitá-los para atuarem em um sistema educacional que enfatiza a transmissão de informação” (p.5).
“Na questão da Informática na Educação, a França foi o primeiro país ocidental que programou-se como nação para enfrentar e vencer o desafio da informática na educação e servir de modelo para o mundo” (p.5).
“A implantação da informática na educação foi planejada em termos de público alvo, materiais, software, meios de distribuição, instalação e manutenção do equipamento nas escolas. (...) Embora o objetivo da introdução da informática na educação na França não tenha sido o de provocar mudanças de ordem pedagógica, é possível notar avanços nesse sentido, porém, esses avanços estão longe das transformações desejadas” (p.5).
“Embora na França tenham sido propostos inúmeros projetos de informática na educação, para alguns autores, esses projetos não tiveram êxito ou não provocaram mudanças pedagógicas” (p.6).
“Talvez o que mais tenha marcado o programa de informática na educação da França tenha sido a preocupação com a formação de professores. Desde o início de 1970, a formação de professores e técnicos das escolas foi considerada como condição imperativa para uma real integração da informática à educação” (p.7).
“Outra preocupação do programa francês tem sido o de garantir a todos os indivíduos o acesso à informação e ao uso da informática. Atualmente isso tem sido reforçado pelos projetos de implantação de redes de computadores e de comunicação à distância para a educação e a formação” (p.7).
“A implantação do programa de informática na educação no Brasil inicia-se com o primeiro e segundo Seminário Nacional de Informática em Educação, realizados respectivamente na Universidade de Brasília em 1981 e na Universidade Federal da Bahia em 1982” (p.8).
“A primeira grande diferença do programa brasileiro em relação aos outros países, com França e Estados Unidos, é a questão da descentralização das políticas. No Brasil, as políticas de implantação e desenvolvimento não são produto somente de decisões governamentais, como na França, nem consequência direta do mercado, como nos Estados Unidos” (p.8).
“A segunda diferença entre o programa brasileiro e o da França e dos Estados Unidos é a questão da fundamentação das políticas e propostas pedagógicas da informática na educação” (p.8).
“A terceira diferença é a proposta pedagógica e o papel que o computador deve desempenhar no processo educacional. Nesse aspecto, o programa brasileiro de informática na educação é bastante peculiar e diferente do que foi proposto em outros países. No nosso programa, o papel do computador é o de provocar mudanças pedagógicas profundas ao invés de ‘automatizar o ensino’ ou preparar o aluno para ser capaz de trabalhar com o computador” (p.9).
“É necessário repensar a questão da dimensão do espaço e do tempo da escola. (...) A ênfase da educação deixa de ser a memorização da informação transmitida pelo professor e passa a ser a construção do conhecimento realizada pelo aluno de maneira significativa, sendo o professor o facilitador desse processo de construção” (p.9).
“As experiências de implantação da informática na escola têm mostrado que a formação de professores é fundamental e exige uma abordagem totalmente diferente” (p.11).
“A introdução da informática na educação, segunda a proposta de mudança pedagógica, como consta no programa brasileiro, exige uma formação bastante ampla e profunda do professor. Não se trata de criar condições para o professor dominar o computador ou o software, mas sim auxiliá-lo a desenvolver conhecimento sobre o próprio conteúdo e sobre como o computador pode ser integrado no desenvolvimento desse conteúdo” (p.14).
“Os avanços tecnológicos têm desequilibrado e atropelado o processo de formação fazendo com que o professor sinta-se eternamente no estado de ‘principiante’ em relação ao uso do computador na educação” (p.15).
“A formação do professor deve prover condições para que ele construa conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica e seja capaz de superar barreiras de ordem administrativa e pedagógica. (...) Finalmente, deve-se criar condições para que o professor saiba recontextualizar o aprendizado e a experiência vividas durante a sua formação para a sua realidade de sala de aula compatibilizando as necessidades de seus alunos e os objetivos pedagógicos que se dispõe a atingir” (p.15).
3) Comentários:
Conforme a exposição dos autores acerca da inclusão da informática na educação brasileira, é possível observar a relevância dada à preparação dos professores, tendo em vista os objetivos de mudança pedagógica propostos pelo Programa Brasileiro de Informática em Educação, onde o papel do computador é o de provocar mudanças pedagógicas profundas. Pelo acesso cada vez maior à internet e devido aos avanços tecnológicos, nota-se, também, que os alunos ficam sem referências concretas e auxílio devido no processo de organização e seleção das informações disponibilizadas.
 Da mesma forma que os alunos, os professores, também pressionados pelas constantes mudanças, acabam se tornando despreparados em relação ao uso das tecnologias na educação. Observa-se que, enquanto mediadores, os professores precisam estar aptos para integrar o uso do computador e das outras tecnologias da informação e comunicação no processo de ensino e aprendizagem. Além disso, acredito que a contextualização com aquilo que ocorre na realidade dos alunos é fundamental no processo de construção e ampliação dos conhecimentos e, para isso, a constante atualização dos professores se torna essencial.
Dessa forma, creio ser necessário repensar o papel do professor, do aluno e da escola. A relação entre eles, transformando os seus conceitos tradicionais e, consequentemente, adaptando-os às novas exigências (tecnológicas e comunicacionais), enfatiza o “novo” papel da educação, que deixa de ser a memorização da informação transmitida pelo professor e se torna a construção do conhecimento realizada pelo aluno de maneira significativa, com o professor como facilitador; mediador desse processo. 
4) Questionamentos:
Com base nos pressupostos citados no artigo e na discussão sobre a inclusão da informática na educação, o maior questionamento que seria possível fazer, mesmo após tantas transformações ao longo dos anos, refere-se justamente ao que se tornou debate na França sobre os primeiros Programas Nacionais de Informática na Educação, na década de 1970: deve-se formar para a informática ou deve-se formar por e com a informática? A informática deve ser objeto de ensino ou ferramenta do processo de ensino?
Além disso, acredito que outro fator de questionamento é baseado no uso das tecnologias nas escolas e ao papel do professor. Até que ponto a integração das tecnologias de informação e comunicação são positivas no processo educativo? Deveria ser obrigatória a capacitação do professor para lidar com o uso das tecnologias na educação?

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